Amamos o mundo demais; Deus muito pouco; nosso vizinho nada em absoluto, ou para nossos próprios fins. Vulgus amicitias utilitate probat. A coisa principal que respeitamos é nossa comodidade; e o que fazemos é por medo de punição mundana, por vanglória, louvor dos homens, estilo, e por esses cumprimentos, não por Deus. Nem conhecemos Deus corretamente, nem o buscamos, amamos ou adoramos como deveríamos. E por esses defeitos, nos envolvemos em uma multidão de erros, nos desviamos desse amor verdadeiro e adoração de Deus: o que é uma causa para nós de infelicidades indizíveis; incorrendo em ambos os extremos, tornamo-nos tolos, loucos, sem noção
We love the world too much; God too little; our neighbour not at all, or for our own ends. Vulgus amicitias utilitate probat. The chief thing we respect is our commodity; and what we do is for fear of worldly punishment, for vainglory, praise of men, fashion, and such by respects, not for God's sake. We neither know God aright, nor seek, love or worship him as we should. And for these defects, we involve ourselves into a multitude of errors, we swerve from this true love and worship of God: which is a cause unto us of unspeakable miseries; running into both extremes, we become fools, madmen, without sense
Robert Burton, Anatomy of Melancholy (1621), section IV, membrane I, subsection I
Friday, 16 December 2011
Friday, 2 December 2011
Morte / Death -- Gibran
Morte
Então Almitra falou, dizendo: “Agora gostaríamos de perguntar sobre a Morte”.
E ele disse:
Você gostaria de saber o segredo da morte.
Mas como o encontrará se não procurá-lo no coração da vida?
A coruja cujos olhos noturnos são cegos ao dia não pode desvelar o mistério da luz.
Se de fato quiser contemplar o espírito da morte, abra bem seu coração ao corpo da vida.
Pois vida e morte são um, assim como o rio e o mar são um.
Na profundeza de suas esperanças e desejos reside seu conhecimento silente do além;
E como sementes sonhando debaixo da neve seu coração sonha com a primavera.
Confie nos sonhos, pois neles está escondido o portão para a eternidade.
Seu medo da morte é apenas o tremor do pastor quando se coloca diante do rei cuja mão irá pousar sobre ele em honra.
O pastor não está alegre debaixo de seu tremor, pois irá usar a marca do rei?
Contudo não está mais preocupado com seu tremor?
Pois o que é morrer senão ficar nu ao vento e derreter ao sol?
E o que é parar de respirar, senão libertar o sopro de suas incansáveis marés, para que possa ascender e expandir e buscar a Deus desimpedido?
Somente quando beber do rio do silêncio você irá de fato cantar.
E quando tiver alcançado o topo da montanha, então começará a escalar.
E quando a terra reivindicar seus membros, então você irá verdadeiramente dançar.
Khalil Gibran, O profeta (1923), capítulo 27
Death
Then Almitra spoke, saying, "We would ask now of Death."
And he said:
You would know the secret of death.
But how shall you find it unless you seek it in the heart of life?
The owl whose night-bound eyes are blind unto the day cannot unveil the mystery of light.
If you would indeed behold the spirit of death, open your heart wide unto the body of life.
For life and death are one, even as the river and the sea are one.
In the depth of your hopes and desires lies your silent knowledge of the beyond;
And like seeds dreaming beneath the snow your heart dreams of spring.
Trust the dreams, for in them is hidden the gate to eternity.
Your fear of death is but the trembling of the shepherd when he stands before the king whose hand is to be laid upon him in honour.
Is the shepherd not joyful beneath his trembling, that he shall wear the mark of the king?
Yet is he not more mindful of his trembling?
For what is it to die but to stand naked in the wind and to melt into the sun?
And what is it to cease breathing, but to free the breath from its restless tides, that it may rise and expand and seek God unencumbered?
Only when you drink from the river of silence shall you indeed sing.
And when you have reached the mountain top, then you shall begin to climb.
And when the earth shall claim your limbs, then shall you truly dance.
Khalil Gibran, The Prophet (1923), chapter 27
Então Almitra falou, dizendo: “Agora gostaríamos de perguntar sobre a Morte”.
E ele disse:
Você gostaria de saber o segredo da morte.
Mas como o encontrará se não procurá-lo no coração da vida?
A coruja cujos olhos noturnos são cegos ao dia não pode desvelar o mistério da luz.
Se de fato quiser contemplar o espírito da morte, abra bem seu coração ao corpo da vida.
Pois vida e morte são um, assim como o rio e o mar são um.
Na profundeza de suas esperanças e desejos reside seu conhecimento silente do além;
E como sementes sonhando debaixo da neve seu coração sonha com a primavera.
Confie nos sonhos, pois neles está escondido o portão para a eternidade.
Seu medo da morte é apenas o tremor do pastor quando se coloca diante do rei cuja mão irá pousar sobre ele em honra.
O pastor não está alegre debaixo de seu tremor, pois irá usar a marca do rei?
Contudo não está mais preocupado com seu tremor?
Pois o que é morrer senão ficar nu ao vento e derreter ao sol?
E o que é parar de respirar, senão libertar o sopro de suas incansáveis marés, para que possa ascender e expandir e buscar a Deus desimpedido?
Somente quando beber do rio do silêncio você irá de fato cantar.
E quando tiver alcançado o topo da montanha, então começará a escalar.
E quando a terra reivindicar seus membros, então você irá verdadeiramente dançar.
Khalil Gibran, O profeta (1923), capítulo 27
Death
Then Almitra spoke, saying, "We would ask now of Death."
And he said:
You would know the secret of death.
But how shall you find it unless you seek it in the heart of life?
The owl whose night-bound eyes are blind unto the day cannot unveil the mystery of light.
If you would indeed behold the spirit of death, open your heart wide unto the body of life.
For life and death are one, even as the river and the sea are one.
In the depth of your hopes and desires lies your silent knowledge of the beyond;
And like seeds dreaming beneath the snow your heart dreams of spring.
Trust the dreams, for in them is hidden the gate to eternity.
Your fear of death is but the trembling of the shepherd when he stands before the king whose hand is to be laid upon him in honour.
Is the shepherd not joyful beneath his trembling, that he shall wear the mark of the king?
Yet is he not more mindful of his trembling?
For what is it to die but to stand naked in the wind and to melt into the sun?
And what is it to cease breathing, but to free the breath from its restless tides, that it may rise and expand and seek God unencumbered?
Only when you drink from the river of silence shall you indeed sing.
And when you have reached the mountain top, then you shall begin to climb.
And when the earth shall claim your limbs, then shall you truly dance.
Khalil Gibran, The Prophet (1923), chapter 27
Monday, 19 September 2011
Friday, 24 June 2011
Escada
Escada
Pegar, sentir, soltar
Deixar voltar
Desembaraçar
Dos tentáculos do abismo
Chegar, agarrar, levar
Trazer
Prazer
Elevar
Caminhar no próximo patamar
19.06.11
Stairway
Hold, feel, release
Let come back
Disentangle
From the tentacles of the abyss
Approach, grab, take
Bring
Pleasure
Elevate
Walk on the next level
06.19.11
Pegar, sentir, soltar
Deixar voltar
Desembaraçar
Dos tentáculos do abismo
Chegar, agarrar, levar
Trazer
Prazer
Elevar
Caminhar no próximo patamar
19.06.11
Stairway
Hold, feel, release
Let come back
Disentangle
From the tentacles of the abyss
Approach, grab, take
Bring
Pleasure
Elevate
Walk on the next level
06.19.11
Wednesday, 8 June 2011
A morosidade antes da travessia/The tarrying before crossing
Confusão.
Uma bagunça.
Letargia.
Tristeza profunda.
A prisão de mim mesmo.
Eu sou o homem universal –
Dormente
Perdido
Esquecido.
Galgo as paredes do abismo,
Mas paro para descansar.
Lento, assisto os dias passar,
A barba crescer.
Solidão, melancolia, escuridão.
Romantismo tardio da periferia capitalista.
Sou o erro andante,
A falha no sistema.
Procuro a aurora,
Mas desanimo na fraqueza.
Eu sou o mundo,
Constato.
Sinto a força e a vontade
Da minha responsabilidade,
Levanto pra cagar.
13.05.11
Confusion.
A mess.
Lethargy.
Deep sadness.
The prison of myself.
I am the universal man―
Dormant
Lost
Forgotten.
I climb the walls of the abyss,
But stop to rest.
Slow, I watch the days pass,
The beard grow.
Loneliness, melancholy, darkness.
Late romanticism of the capitalist periphery.
I am the walking mistake,
The failure in the system.
I seek dawn,
But dismay in weakness.
I am the world,
I ascertain.
I feel the force and the will
Of my responsibility,
I get up to shit.
05.13.11
Uma bagunça.
Letargia.
Tristeza profunda.
A prisão de mim mesmo.
Eu sou o homem universal –
Dormente
Perdido
Esquecido.
Galgo as paredes do abismo,
Mas paro para descansar.
Lento, assisto os dias passar,
A barba crescer.
Solidão, melancolia, escuridão.
Romantismo tardio da periferia capitalista.
Sou o erro andante,
A falha no sistema.
Procuro a aurora,
Mas desanimo na fraqueza.
Eu sou o mundo,
Constato.
Sinto a força e a vontade
Da minha responsabilidade,
Levanto pra cagar.
13.05.11
Confusion.
A mess.
Lethargy.
Deep sadness.
The prison of myself.
I am the universal man―
Dormant
Lost
Forgotten.
I climb the walls of the abyss,
But stop to rest.
Slow, I watch the days pass,
The beard grow.
Loneliness, melancholy, darkness.
Late romanticism of the capitalist periphery.
I am the walking mistake,
The failure in the system.
I seek dawn,
But dismay in weakness.
I am the world,
I ascertain.
I feel the force and the will
Of my responsibility,
I get up to shit.
05.13.11
Thursday, 17 March 2011
Isto é Blake/This is Blake
Os antigos Poetas animaram todos os objetos sensíveis com Deuses e Gênios. chamando-os pelos nomes e adornando-os com propriedades de florestas, rios, montanhas, lagos, cidades, nações e o que quer que seus aumentados & numerosos sentidos pudessem perceber.
E particularmente eles estudaram o gênio de cada cidade & país, colocando-o sob sua deidade mental.
Até que um sistema foi formado, do qual alguns tiraram vantagem & escravizaram o vulgo em uma tentativa de realizar ou abstrair as deidades mentais de seus objetos: assim começou o Sacerdócio.
Escolhendo formas de louvor de contos poéticos.
E com o tempo eles pronunciaram que os Deuses haviam ordenado essas coisas.
Desse modo os homens se esqueceram que Todas as deidades residem no peito humano.
Chapa 11 de O matrimônio do céu e do inferno, 1793, de William Blake
The ancient Poets animated all sensible objects with Gods and Geniuses. calling them by the names and adorning them with properties of woods, rivers, mountains, lakes, cities, nations and whatever their enlarged & numerous senses could percieve.
And particularly they studied the genius of each city & country, placing it under its mental deity.
Till a system was formed, which some took advantage of & enslav’d the vulgar by attempting to realize or abstract the mental deities from their objects: thus began Priesthood.
Choosing forms of worship from poetic tales.
And at length they pronounced that the Gods had orderd such things.
Thus men forgot that All deities reside in the human breast.
Plate 11 of William Blake's The Marriage of Heaven and Hell, 1793
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